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28/03/2024

A cidade de São Paulo e o seu governo são a ausência sentida nas eleições municipais

Publicado em 20/02/2017

As eleições municipais se aproximam e, pelo menos em São Paulo, as campanhas têm contribuído pouco para a formação de convicções por parte dos eleitores.

Legenda

As eleições municipais se aproximam e, pelo menos em São Paulo, as campanhas têm contribuído pouco para a formação de convicções por parte dos eleitores. A continuar o curso atual, é provável que o representante para o cargo executivo seja escolhido por critérios emocionais e, o que é grave, os 55 vereadores sejam eleitos por motivos estranhos à importância da função que irão desempenhar no próximo quadriênio.

O estado de coisas atual reflete problemas estruturais de nossa formação. A democracia, ao menos enquanto conjunto de procedimentos, tem se resumido, entre nós, ao ato de eleger. A preocupação com a função dos eleitos, sobretudo em termos de representação e deliberação, não parece fazer parte de nosso horizonte político. Não parece ser outro o motivo que leva ao verdadeiro abismo entre povo e governo, situando este último como ente apartado da vida dos cidadãos.

Por mais que a sociedade tenha avançado – e realmente avançou!- em termos de aprofundamento da participação política, ainda estamos muito distantes de uma verdadeira cultura pública, capaz de suportar e dar resolução qualitativa ao tema do autogoverno. Aqui, a noção de que o povo é governo se dissipa diante das distâncias socioeconômicas que insistem em repor a velha cultura oligárquica e patrimonial, tão presente na condução do Estado. Haja vista a exaltação dos mandatários como verdadeiros reis taumaturgos, capazes de, com um ato de vontade, abrir as alamedas que conduzem ao paraíso.

A forma como os candidatos se comunicam com os eleitores neste período de campanha pode receber diversas qualificações, menos a de que contribui para a formação de uma visão informada sobre o pleito e sua importância para o nosso destino comum. Neste sentido, partidos e políticos nada mais fazem, mesmo quando se afirmam como encarnação do novo, do que repor a velha cultura política herdada de nossa formação social, marcadamente antidemocrática.

Se há algo que tem faltado nos dias que correm é a disposição para discutir seriamente um projeto de cidade, que leve em conta as dificuldades do presente e a construção do futuro. Cidadãos, partidos e candidatos perdem uma oportunidade preciosa. Já passou da hora de considerar as coisas como verdadeiramente são e admitir que São Paulo é complexa demais para ficar em plano secundário no momento em que renova o seu governo.

Rogério Baptistini é sociólogo e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

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